what was it you saw in my face?
the light of your own face,
the fire of your own presence?
...temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades.
Boaventura de Sousa Santos.
Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitanismo multicultural. Introdução: para ampliar o cânone do reconhecimento, da diferença e da igualdade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003: 56.
Tiziano Terzani, um conhecedor de mão cheia da Ásia Oriental, em Disse-me um Adivinho (Tinta-da-China, 2009): “Não é de admirar que a depressão seja hoje um mal tão comum. É quase reconfortante. É sinal que no íntimo das pessoas ainda resta o desejo de serem mais humanas”.
Roubado daqui
Einstein defendia que “O acaso é a nossa ignorância”. Concordo. Não me parece importante dar um nome à força que mexe os cordelinhos. O importante é sentir. E saber observar. Se a maioria das pessoas não se interessa pelas aves que chegam e que partem, pelos seus diálogos e chamamentos, como podemos esperar que reparem em brisas e direções do vento? Mas concordam, sem avaliar, que “Nada se perde; tudo se transforma”. Precisamos da muleta “acreditar”? O hábito faz o monge. Mas o “hábito” vai para além da roupa, também é sinónimo de repetição das mesmas tarefas – e isso é que, mais do que tudo, faz o monge.
Roubado daqui (dos Comentários).
Medeia
(adaptado de Ovídio)
Três vezes roda, três vezes inunda
Na água da fonte os seus cabelos leves,
Três vezes grita, três vezes se curva
E diz: "Noite fiel aos meus segredos
Lua e astros que após o dia claro
Iluminais a sombra silenciosa
Tripla Hecate que sempre me socorres
Guiando atenta o fio dos meus gestos
deuses dos bosques, deuses infernais
Que em mim penetre a vossa força
Pois ajudada por vós posso fazer
Que os rios por entre as margens espantadas
Voltem correndo às suas fontes
Posso espalhar a calma sobre os mares
Ou enchê-los de espuma e fundas ondas
Posso chamar a mim os ventos
Posso largá-los cavalgando nos espaços
As palavras que digo e os gestos
Que em redor do seu som no ar disponho
Torcem longuínquas árvores e os homens
Despedaçam-se e morrem no seu eco
Posso encher de tormento os animais
Fazer que a terra cante, que as montanhas
Tremam e que floresçam os penedos."
Sophia de Mello Breyner Andresen, Dia do mar, 1947.
Are you willing?
This winter
the loons came to our harbor
and died, one by one,
of nothing we could see.
A friend told me
of one on the shore
that lifted its head and opened
the elegant beak and cried out
in the long, sweet savoring of its life
which, if you have heard it,
you know is a sacred thing.,
and for which, if you have not heard it,
you had better hurry to where
they still sing.
And, believe me, tell no one
just where that is.
The next morning
this loon, speckled
and iridescent and with a plan
to fly home
to some hidden lake,
was dead on the shore.
I tell you this
to break your heart,
by which I mean only
that it break open and never close again
to the rest of the world.
"Lead", de Mary Oliver, em New and Selected Poems, Volume Two
roubado daqui
[...] porque não há como viver com as consequências para perceber a razão de ser das coisas
Isabel Stilwell, roubado daqui.
Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos,
Sacode as aves que te levam o olhar,
Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.
Porque eu cheguei e é tempo de me veres,
Mesmo que os meus gestos te trespassem
De solidão e tu caias em poeira,
Mesmo que a minha voz queime o ar que tu respiras
E os teus olhos nunca mais possam olhar.
Sophia
Roubado daqui
it degrades, disintegrates, or else it is capable of creating a process of metamorphosis. The probable is disintegration. The improbable but possible is metamorphosis.
Edgar Morin, roubado a António Nóvoa
de Nicholas Lens & Nick Cave
ouvir esta e todas as outras!
Where are you?
Where are you?
Become yourself
Become yourself
So I can see you
Where are you?
Become yourself
Where are you?
Where are you?
Where are you?
Become yourself
So I can see you
So I can see you
'Cause you got me marching
You made me move
Shadow boxing, wanna love
The top of the proof
You got me talking
You know the truth
You're a speechless crazy pantomine
Priest without a tooth
You got me walking
You made me smooth
Like a satellite plastic ping-pong ball
Bouncing down at you
Sliver Lane
I'm back again
de Sophie Hunger
Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão ,
Quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!
Ou guardo dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e não guardo o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
Cecília Meireles
roubado daqui
ouvir Grave digger, de Dave Matthews