Deus escreve direito
por linhas tortas
E a vida não vive em
linha recta
Em cada célula do
homem estão inscritas
A cor dos olhos e a
argúcia do olhar
O desenho dos ossos e o
contorno da boca
Por isso te olhas ao
espelho:
E no espelho te buscas
para te reconhecer
Porém em cada célula
desde o início
Foi inscrito o signo
veemente da tua liberdade
Pois foste criado e
tens de ser real
Por isso não percas
nunca teu fervor mais austero
Tua exigência de ti e
por entre
Espelhos deformantes e
desastres e desvios
Nem um momento só
podes perder
A linha musical do
encantamento
Que é teu sol tua luz
teu alimento
Sophia, O Búzio de Cós e Outros Poemas, 1997
Sem comentários:
Enviar um comentário