23.12.20
Poema em linha reta
2.12.20
Canção da estrada larga
1
A pé e alegre dirijo-me para a estrada larga,
Saudável, livre, o mundo à minha frente,
Diante de mim o longo e castanho caminho leva-me para onde eu quiser.
Daqui em diante nada peço à sorte, ei próprio sou a sorte,
Daqui em diante não mais me lamentarei, nada mais adiarei, de nada precisarei,
Deixo as queixas dentro de casa, as bibliotexas, as críticas impertinentes,
Forte e satisfeito viajo pela estrada larga.
A terra, e nada mais,
Não quero as constelações mais perto,
Sei que estão muito bem onde estão,
Sei que são suficientes àqueles que lhes pertencem.
Mesmo aqui carrego os meus velhos e deliciosos fardos,
Carrego-os, homens e mulheres, carrego-os comigo para onde quer que vá,
Juro que é impossível livrar-me deles,
Deles estou cheio e hei-de enchê-los por minha vez).
[...]
em Folhas de Erva, Walt Whitman
1.12.20
Um monge decide meditar sozinho.
Longe de seu mosteiro, ele toma um barco e vai até ao meio do lago, fecha os olhos e começa a meditar.
Depois de algumas horas de silêncio imperturbável,
ele de repente sente o golpe de outro barco batendo no dele. Com os olhos ainda fechados, ele sente a raiva crescer e, quando abre os olhos, está pronto para gritar com o barqueiro que ousou atrapalhar sua meditação.
Mas quando ele abriu os olhos,
viu que era um barco vazio, não amarrado, que flutuava no meio do lago...
Nesse momento, o monge alcança a auto-realização e entende que a raiva está dentro dele;
ele simplesmente precisa da batida de um objeto externo para provocá-lo.
Depois disso, sempre que conhece alguém que irrita ou provoca sua raiva, ele se lembra;
a outra pessoa não passa de um barco vazio.
A raiva está dentro de mim.
Thich Nhat Hanh