13.11.19

Health Poem


Health is not bought with a chemist’s pills
Nor saved by the surgeon’s knife
Health is not only the absence of ills
But the fight for the fullness of life.

Piet Hein

29.10.19


Todo homem deve fazer o que lhe cabe:
nem afligir-se, nem queixar-se.

Sir Gawain e o Cavaleiro Verde, autor desconhecido

15.10.19

Avalanche


Well I stepped into an avalanche,
It covered up my soul;
When I am not this hunchback that you see,
I sleep beneath the golden hill.
You who wish to conquer pain,
You must learn, learn to serve me well.
You strike my side by accident
As you go down for your gold.
The cripple here that you clothe and feed
Is neither starved nor cold;
He does not ask for your company,
Not at the centre, the centre of the world.
When I am on a pedestal,
You did not raise me there.
Your laws do not compel me
To kneel grotesque and bare.
I myself am the pedestal
For this ugly hump at which you stare.
You who wish to conquer pain,
You must learn what makes me kind;
The crumbs of love that you offer me,
They're the crumbs I've left behind.
Your pain is no credential here,
It's just the shadow, shadow of my wound.
I have begun to long for you,
I who have no greed
I have begun to ask for you,
I who have no need.
You say you've gone away from me,
But I can feel you when you breathe.
Do not dress in those rags for me,
I know you are not poor
You don't love me quite so fiercely now
When you know that you are not sure,
It is your turn, beloved,
It is your flesh that I wear.
Leonard Cohen

23.8.19

Chega-se mais facilmente a Marte

neste tempo do que ao nosso próprio semelhante.

Saramago, Caderno VI
Open your arms if you want to be held.

Rumi

2.8.19


Contar os dias pelos dedos
e encontrar a mão cheia.

José Saramago, Cadernos de Lanzarote

13.6.19

O importante, disse-o um dia a alguém que me pedia conselho, é ser-se o que se é e tornar-se contagioso. A primeira responsabilidade que nos assiste é saber o que se é: continuo convencido que todos nós nascemos com uma partitura na cabeça. Depois, tantas vezes, ou porque nos faltou mestre de música, ou porque não encontramos piano à mão, vamos-nos entretendo a tocar coisas que não são da nossa partitura. Há então que fazer o esforço, individual ou colectivo, de achar o mestre e o piano que a partitura exige. Conseguido isso, devemos tornar-nos contagiosos.
Agostinho da Silva, Entrevista (com a participação de Joel Serrão, João Lopes Alves, Nuno Nabais, António Braz Teixeira e José Pedro Serra), in DISPERSOS, p. 68.; roubado do Facebook.

7.6.19

To everyone

has God entrusted all

ACIM

16.5.19

Gota de água


Eu, quando choro,
não choro eu.
Chora aquilo que nos homens
em todo o tempo sofreu.
As lágrimas são as minhas
mas o choro não é meu.

9.5.19


Em pleno inverno, aprendi, finalmente, que existia em mim um verão invencível.

Albert Camus

3.5.19


...o mundo não só me assustaria se eu me tornasse o mundo. Se eu fosse o mundo, não teria medo. Se somos o mundo, somos movidos por um radar delicado que nos guia.

Clarice Lispector, citada no texto de apresentação do Fúria, Dias da Dança, 2019, Porto.

31.3.19

Uma aventura


O tipo de conversa em que estou interessado é aquele que iniciamos na disposição de nos tornarmos uma pessoa ligeiramente diferente quando terminamos. É sempre uma experiência cujos resultados não são garantidos. Envolve risco. É uma aventura em que nos dispomos a cozinhar o mundo juntos para o tornar menos amargo.

Elogio da conversa, Theodore Zeldin, 2000.

17.3.19


All questions asked in this world are but a way of looking, not a question asked.

ACIM

6.3.19


remember this, girl.
you are half sea.

no one ever asks
the ocean to quiet her storm
so why do you keep
apologizing for yours?

~ pavana reddy, in makerswomen

20.2.19

as they say


ouvir

There was a time when life was in the air
Our innocence like perfume everywhere
We all listen to the autumn leaves
Tell us stories from the summer breeze

There was a time when we were princes in the snow
We went places that people just don't know
We had followed rivers to the seas
Listening to all that summer breeze

But all, all, all
We could all run away
But all, all, all
Only dreamers
as they say

Can you still feel it on your tongue
The taste of life
That'll will always keep us young
We are like the fruits among the trees
Growing with that same old summer breeze
But all, all, all
We could all run away
But all, all, all
Only dreamers

as they say

"Dreamers", Claire Denamur


5.2.19

As palavras

não significam nada se não forem recebidas como
um eco da vontade de quem as ouve

Agustina Bessa-Luís

4.2.19

...
beijam-se soluçam baixo e enfrentam a hostilidade noturna
É preciso encontrá-los. É indispensável descobri-los
Escutem cuidadosamente a todas as portas antes de bater
É possível que cantem
Mas defendam-se de entender a sua voz. Alguém que os escutou
deixou cair as armas e mergulhou nas mãos o rosto banhado de
lágrimas
...

“A invenção do amor”, Daniel Filipe

Meditação do Duque de Gandia sobre a morte de Isabel de Portugal


Nunca mais 
A tua face será pura, limpa e viva 
Nem o teu andar como onda fugitiva 
Se poderá nos passos do tempo tecer. 
E nunca mais darei ao tempo a minha vida. 

Nunca mais servirei Senhor que possa morrer. 
A luz da tarde mostra-me os destroços 
Do teu ser. Em breve a podridão 
Beberá os teus olhos e os teus ossos 
Tomando a tua mão na sua mão. 

Nunca mais amarei quem possa viver 
Sempre. 
Porque eu amei como se fossem eternos 
A glória, a luz e o brilho do teu ser, 
Amei-te em verdade e transparência 
E nem sequer me resta a tua ausência, 
És um rosto de nojo e negação 
E eu fecho os olhos para não te ver. 

Nunca mais servirei Senhor que possa morrer. 

Sophia

30.1.19

Por Delicadeza


Bailarina fui
Mas nunca dançei
Em frente das grades
Só três passos dei

Tão breve o começo
Tão cedo negado
Dançei no avesso
Do tempo bailado

Dançarina fui
Mas nunca bailei
Deixei-me ficar
Na prisão do rei

Onde o mar aberto
E o tempo lavado?
Perdi-me tão perto
Do jardim buscado

Bailarina fui
Mas nunca bailei
Minha vida toda
Como cega errei

Minha vida atada
Nunca a desatei
Como Rimbaud disse
Também eu direi:

«Juventude ociosa
Por tudo iludida
Por delicadeza
Perdi minha vida»

Sophia, O Nome das Coisas, 1977

19.1.19

uma coisa a menos para adorar


Já vi matar um homem
é terrível a desolação que um corpo deixa
sobre a terra
uma coisa a menos para adorar
quando tudo se apaga
as paisagens descobrem-se perdidas
irreconciliáveis
entendes por isso o meu pânico
nessas noites em que volto sem razão nenhuma
a correr pelo pontão de madeira
onde um homem foi morto
arranco como os atletas ao som de um disparo seco
mas sou apenas alguém que de noite
grita pela casa
há quem diga
a vida é um pau de fósforo
escasso demais
para o milagre do fogo
hoje estive tão triste
que ardi centenas de fósforos
pela tarde fora
enquanto pensava no homem que vi matar
e de quem não soube nunca nada
nem o nome

José Tolentino Mendonça