29.12.06

o que eu alimentar

Um velho índio descreveu certa vez os seus conflitos internos.

"Dentro de mim existem dois cães: um deles é cruel e mau, o outro muito bom e dócil. Estão sempre a lutar.

Quando então lhe perguntaram qual dos cães ganharia a luta, o sábio índio parou, reflectiu e respondeu:


"Aquele que eu alimentar."


18.12.06

CONFIA

Aqui vai:

Deixa a tua mente fazer associações livres.

Reconhece a dor.

Desliga o piloto automático.

Faz perguntas.

Interiormente, permite-te.

Observa. Empatiza. Não julgues.

Relembra & Recapitula.

Conta histórias.

Reserva tempo para pensar e sonhar acordad@.

Ouve radicalmente.

Dá-te a liberdade de não acertar.

Atenta às resistências.

Deixa a tua mente improvisar.

Pensa alto. Lê alto.

Nunca pares de aprender.

Ocupa-te com a arte, a natureza, as crianças.

Rodeia-te de pessoas com sentimentos.

Reconhece a finitude.

Responsabiliza-te pelas tuas obsessões.

Testa as tuas ideias.

Não pares até teres alguma ideia.

Segue os teus impulsos.

Diz a verdade. A vida é demasiado curta para mentir.

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Here goes:

Let your mind make free associations.

Acknowledge pain.

Turn off the automatic pilot.

Ask questions.

Give yourself inner permissions.

Observe. Empathize. Don't pass judgments.

Remember & Recapitulate.

Tell stories.

Take time to think & daydream.

Listen radically.

Give yourself the freedom to do it "wrong".

Steal from everyone.

Don't run away from resistances.

Improvise in your mind.

Think out loud. Read out loud.

Never stop learning.

Spend time with art, nature, children.

Surround yourself with people who have feelings.

Acknowledge mortality.

Take responsability for your obsessions.

Test your ideas.

Don't stop until you come up with something.

Follow your impulses.

Tell the truth. Life is too short to lie.



Judith Weston, The Film Director’s Intuition, 2003.

11.12.06

O nosso medo mais profundo não é

o de sermos inadequados.

O nosso medo mais profundo é que somos poderosos além de qualquer medida.

É a nossa luz, não as nossas trevas, o que mais nos apavora.

Perguntamo-nos:
Quem sou eu para ser Brilhante, Maravilhoso, Talentoso e Fabuloso?

Na realidade, quem és tu para o não ser?

És filho do Universo.
Se te fizeres pequeno não ajudas o mundo.
Não há mérito em te encolheres, para que os outros não se sintam inseguros quando estão à tua beira.

Nascemos para manifestar a glória do Universo que está dentro de nós.

Não está apenas em um de nós: está em todos nós.

E conforme deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazerem o mesmo.

E conforme nos libertamos do nosso medo, a nossa presença, automaticamente, liberta os outros.

atribuído a Nelson Mandela

4.12.06

Behold us God

– our soul, our being, our only self.

In shame, and fear and pain have we walked the long, and rough and tortuous path of Good and Evil which you have appointed us at the dawn of Time.

The Great Nostalgia urged our feet, and Faith sustained our hearts, and now has Understanding lifted our burdens, bound up our wounds, and brought us back into your holy presence naked of Good and Evil, Life and Death; naked of all illusions of Duality; naked of every self except your all-embracing Self.


With no fig-leaves to hide our nakedness

we stand before you

unashamed,

illumined,

unafraid.


Behold, we are unified.


Behold, we have overcome.


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Aqui estamos Senhor – nossa alma, nossa vida, nosso único ser.

Em vergonha e medo e dor trilhámos o longo e árduo e sinuoso caminho do Bem e do Mal, que nos designaste no amanhecer do tempo.

A Grande Nostalgia apressava os nossos passos e a Fé sustinha os nossos corações, e agora o Conhecimento aliviou os nossos fardos, ligou as nossas feridas, e reconduziu-nos à tua divina presença, despidos de Bem e Mal, Vida e Morte, despidos de toda ilusão de Dualidade; despidos de todo ser excepto o teu Ser que tudo abarca.

Sem folhas de figueira a esconder a nossa nudez

estamos perante ti

sem vergonha,

iluminados,

sem medo.


Vê, estamos unificados.


Vê, conseguimos.


O Livro de Mirdad

29.11.06

Que loucura!

Temer a ideia de perder a vida de uma só vez, quando não nos preocupamos em desperdiçá-la aos poucos.

John Howe

30.10.06

Silentium

Speak not, lie hidden, and conceal
The way you dream, the things you feel.
Deep in your spirit let them rise
Akin to stars in crystal skies
That set before the night is blurred -
Delight in them, and speak no word.

How can your heart expression find?
How should another know your mind?
Can he discern what quickens you?
A thought once uttered is untrue.
Dimmed is the fountainhead when stirred -
Drink at its source, and speak no word.

Live in your inner self alone;
Within your soul a world has grown.
The magic of veiled thoughts that might
Be blinded by the outer light
Drowned in the noise of day, unheard -
Take in their song, and speak no word!


by Fedor Tyutchev
translated by Vladimir Nabokov


18.10.06

You pray in vain when

You pray in vain when you address yourselves to any other gods but your very selves.

For in you is the power to attract, as in you is the power to repel.

And in you are the things you would attract as in you are the things you would repel.


(Orais em vão quando vos dirigis a outro deus que não o vosso ser.

Pois em vós está o poder de atrair, assim como em vós está o poder de repelir.

E em vós estão as coisas que ireis atrair, assim como em vós estão as coisas que ireis repelir.)



Mikhail Naimy, The Book of Mirdad: The Strange Story of a Monastery Which Was Once Called the Ark , 1962.

12.10.06

Se eu fosse eu

"Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir.

E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavem a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei.

Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.

"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova do desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas a primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais."



Clarice Lispector

De todos os hábitos a que nos entregamos,

um reina sobre todos os outros no que se refere a malefícios quanto ao mundo futuro. É o hábito de ter chefes. O medo das responsabilidades, o gosto de se encostar aos outros, o jeito mais fácil de não ter que decidir os caminhos, fizeram com que a cada instante lancemos os olhos à nossa volta em busca do sinal que nos sirva de guia.
Quando surge uma dificuldade de carácter colectivo, a primeira ideia é a de que devia surgir um homem que tomasse sobre os seus ombros o áspero martírio de ser chefe. Pois bem: pode ser que isso tenha trazido grandes benefícios noutras crises da História; nem vale por outro lado a pena perguntar o que teria sido da dia História se outras se tivessem apresentado as circunstâncias.
Mas, na presente, a verdadeira salvação só virá no dia em que cada homem se convencer que tem que ser ele o seu chefe. Ou, dentro dele, Deus.

Agostinho da Silva, Só Ajustamentos, 1962.

4.10.06

Compaixão e Sabedoria

Certa vez um camponês encontrou uma cobra quase morta no seu arrozal. Vendo o sofrimento da cobra, encheu-se de compaixão. Apanhou-a e levou-a para casa.
Deu-lhe então leite morno e envolveu-a num cobertor macio. Colocou-a amorosamente ao lado dele na cama quando foi dormir. Pela manhã, o camponês estava morto.

Porque morreu? Porque usou apenas de compaixão mas não de sabedoria.
Se pegares numa cobra há grande possibilidade que ela te morda. Quando encontrares uma maneira de salvar a cobra sem a segurar estarás a equilibrar sabedoria e compaixão, e ambos ficarão felizes.

Compaixão e sabedoria deverão andar juntas. Ter uma sem a outra é como andar ao pé-coxinho. Podes saltar algumas vezes, mas acabarás por cair. Equilibrando as duas, andarás muito bem, atempada e elegantemente, passo a passo.


"Que a paz seja o teu objectivo
Que o amor seja o teu caminho
Que a sabedoria guie os teus passos."


Histórias budistas

22.9.06

Hotel Toffolo

E vieram dizer-nos que não havia jantar.
Como se não houvesse outras fomes e outros alimentos.

Como se a cidade não nos servisse o seu pão de nuvens.

Não, hoteleiro, nosso repasto é interior
e só pretendemos a mesa.
Comeríamos a mesa, se no-lo ordenassem as Escrituras.
Tudo se come, tudo se comunica,
tudo, no coração, é ceia.


Carlos Drummond de Andrade, in Claro Enigma, 1951.

14.9.06

O convite, de Oriah Mountain Dreamer

Não me interessa o que fazes na vida. Quero saber o que anseias, e se te atreves a sonhar alcançar o desejo do teu coração.

Não me interessa que idade tens. Quero saber se arriscas fazer figuras tolas por amor, pelo teu sonho, pela aventura de se estar vivo.

Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com a tua lua. Quero saber se tocaste o centro da tua própria dor, se as traições da vida te abriram ou se secaste e te fechaste com medo de outros sofrimentos! Quero saber se consegues sentar-te com a dor, minha ou tua, sem te mexeres para a esconder, disfarçar ou compor.

Quero saber se consegues estar em alegria, minha ou tua, se consegues dançar loucamente e deixar que o êxtase te encha até às pontas dos pés e das mãos sem nos advertires para termos cuidado, sermos realistas, ou nos relembrares as limitações de se ser humano.

Não me interessa se a história que me contas é verdadeira. Quero saber se consegues desapontar outra pessoa para seres fiel a ti; se consegues suportar a acusação de traição e não atraiçoares a tua própria alma; se consegues estar sem amarras e mereceres, por isso, confiança.

Quero saber se consegues ver beleza todos os dias, mesmo quando o que vês não é bonito, e se consegues alimentar a tua própria vida da sua presença.

Quero saber se consegues viver com o fracasso, teu e meu, e mesmo assim erguer-te à beira do lago e gritar “Sim!” à prata da lua cheia.

Não me interessa saber onde vives nem quanto dinheiro tens. Quero saber se depois de uma noite de dor e desespero, em exaustão, a doer até aos ossos, consegues levantar-te e fazer o que é preciso para alimentar as crianças.

Não me interessa quem tu conheces, nem como chegaste aqui. Quero saber se ficarás comigo no centro do fogo sem recuar.

Não me interessa onde ou o quê ou com quem estudaste. Quero saber o que te sustém, por dentro, quando tudo o mais desaba à tua volta.

Quero saber se consegues estar só contigo e se gostas verdadeiramente da companhia que és nos momentos vazios.

The Invitation, Oriah Mountain Dreamer, 1999.

13.9.06

Por quem os sinos dobram

Nenhum homem é uma ilha, completo em si mesmo; todo homem é pedaço do continente, uma parte do todo. Se um pedaço de terra for arrastado pelo mar, a Europa diminui, como se tivesse sido arrastado um promontório, a casa de amigos teus ou a tua própria casa: a morte de um homem diminui-me, porque pertenço à humanidade. Por isso, não perguntes nunca por quem os sinos dobram - dobram por ti.


No man is an island, entire of itself; every man is a piece of the continent, a part of the main. If a clod be washed away by the sea, Europe is the less, as well as if a promontory were, as well as if a manor of thy friend's or of thine own were: any man's death diminishes me, because I am involved in mankind, and therefore never send to know for whom the bells tolls; it tolls for thee.

John Donne, Devotions Upon Emergent Occasions - XVII, 1624.

Saber e não agir é não saber absolutamente nada.

1.9.06

respondeste-lhes apenas com



Ó doce espontânea
terra quantas vezes os
tontos

dedos de filósofos lascivos
te
apalparam
e
beliscaram,

o polegar travesso
da ciência aguilhoou
a tua

beleza, quantas
vezes as religiões te colocaram
nos seus joelhos esqueléticos
apertando-te e

fustigando-te para que concebesses
deuses
(mas
fiel

ao incomparável
leito da morte,
tua amante
no ritmo

respondeste-lhes

apenas com

a primavera)

e.e.cummings

O sweet spontaneous
earth how often have
the
doting

fingers of
prurient philosophers pinched
and
poked

thee
, has the naughty thumb
of science prodded
thy

beauty , how
often have religions taken
thee upon their scraggy knees
squeezing and

buffeting thee that thou mightest conceive
gods
(but
true

to the incomparable
couch of death thy
rhythmic
lover

thou answerest


them only with

spring)

e.e.cummings

30.8.06

Existia numa aldeia

um homem muito pobre que vivia com o seu único filho e tinha um cavalo muito bonito. O cavalo era tão bonito que os fidalgos do castelo o queriam comprar, mas ele nunca quis.
- Para mim este cavalo não é um animal, é um amigo. Como é que eu podia vender um amigo?
Certa manhã, vai ao estábulo e o cavalo não está. Na aldeia, todos os vizinhos lhe disseram:
- Nós avisámos-te! Devias tê-lo vendido. Agora roubaram-to... que coisa má!
Ao que o homem responde:
- Bom ou mau, quem pode dizer?
Todas as pessoas fizeram pouco dele, achando que estava a ficar senil, pois começava a não saber distinguir a boa da má sorte. Mas uns dias depois o cavalo apareceu, com uma horda de cavalos selvagens. Tinha fugido para conquistar uma bela égua e depois o resto da manada veio com eles.
- Que sorte! - disseram os aldeões - Que coisa boa te aconteceu!
Ao que o homem respondeu:
- Bom ou mau, quem pode dizer?
O homem começava a ultrapassar os limites do pensamento normal, pensavam os aldeões. Enfim...
O homem e o filho começaram a domar os cavalos selvagens mas, uma semana mais tarde, o filho parte uma perna.
- Que coisa má que aconteceu! - dizem os amigos - Como vais fazer, se o teu filho, a tua única ajuda, não te pode ajudar? Tens mesmo má sorte!
Ao que o homem responde:
- Bom ou mau, quem pode dizer?
Afinal o homem estava mesmo a ficar senil! Como podia isto não ser má sorte?
Pouco tempo depois, os soldados do país chegaram à aldeia e levaram, à força se necessário, todos os jovens disponíveis.
Todos, excepto o filho do nosso homem, que tinha a perna partida.
- Que sorte tens tu! Todos os nossos filhos foram para a guerra e tu és o único a ter o teu filho à tua beira. Os nossos se calhar não voltam...
Ao que o homem responde:
- Bom ou mau, quem pode dizer?

20.8.06




o texto não descreve o que existo


rasga a imagem que trago diante de mim



M. G. Llansol, Onde vais drama-poesia?, 2000.

19.8.06

Fatum, ou não :)

Uma raposa olhou para a sua sombra, ao nascer do dia, e disse: "Preciso de um camelo para o almoço de hoje." E passou a manhã toda a procurar camelos. Mas, ao meio-dia, olhou novamente para a sua sombra e disse: "Um rato bastará."

Kahlil Gibran, O Precursor, 1923.

12.8.06

Homenagem a Ricardo Reis

I

Não creias, Lídia, que nenhum estio
Por nós perdido possa regressar
Oferecendo a flor
Que adiámos colher.

Cada dia te é dado uma só vez
E no redondo círculo da noite
Não existe piedade
Para aquele que hesita.

Mais tarde será tarde e já é tarde.
O tempo apaga tudo menos esse
Longo indelével rasto
Que o não-vivido deixa.

Não creias na demora em que te medes.
Jamais se detém Kronos cujo passo
Vai sempre mais à frente
Do que o teu próprio passo


II

Escuta, Lídia, como os dias correm
Fingidamente imóveis
E à sombra de folhagens e palavras
Os deuses transparecem
Como para beber o sangue oculto
Que nos deixou atentos


III

Ausentes são os deuses mas presidem.
Nós habitamos
Nessa transparência ambígua,

Seu pensamento emerge quando tudo
De súbito se torna
Solenemente exacto.

O seu olhar ensina o nosso olhar:
Nossa atenção ao mundo
É o culto que pedem.


Sophia de Mello Breyner Andresen, Dual, 1972.
Na rota vadia que o mundo esqueceu
Um porto seguro que não seja eu

10.7.06

se deixarmos

A morte não é a maior perda da vida.
A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos.


Norman Cousins

28.6.06

São apenas palpites e suposições

For most of us, there is only the unattended
Moment, the moment in and out of time,
The distraction fit, lost in a shaft of sunlight,
The wild thyme unseen, or the winter lightning,
Or the waterfall, or music heard so deeply
That it is not heard at all, but you are the music
While the music lasts. These are only hints and guesses,
Hints followed by guesses; and the rest
Is prayer, observance, discipline, thought and action.
The hint half guessed, the gift half understood, is Incarnation.



[Para a maior parte de nós, existe apenas o inesperado

Momento, o momento dentro e fora do tempo,

A distracção justa, perdida num feixe de luz solar,

O tomilho bravio adivinhado, ou o relâmpago invernil,

Ou a queda de água, ou música ouvida tão atentamente,

que deixa de ser escutada, mas tu és a música,

Enquanto a música continua. São apenas palpites e suposições,

Palpites seguidos de suposições; tudo o resto

É oração, observância, disciplina, pensamento e acção.

O palpite semi-adivinhado, o presente semi-compreendido, é Incarnação.]


T.S. Eliot, "The Dry Salvages," in Four Quartets, 1941.

26.6.06




Concedei-nos Senhor

Serenidade para aceitar as coisas que não podemos mudar,

Coragem para modificar aquelas que podemos,

e Sabedoria para distinguirmos umas das outras.


Rehold Niebhur

uma forma deturpada de orgulho

Ainda que muitas vezes abusem dela, e com maldade, a grande beleza da doutrina cristã talvez seja a sua abordagem à compreensão do pecado. É uma abordagem com duas faces.
Por um lado, insiste na nossa natureza humana pecaminosa. Portanto, qualquer cristão genuíno se considerará um pecador. O facto de tantos supostos e manifestamente devotos "cristãos" não se considerarem, no fundo, pecadores, não deve ser tomado como uma falha da doutrina, mas apenas uma falha do indivíduo na sua tentativa de estar à altura desta. Mais será dito sobre a maldade com disfarce cristão.
Por outro lado, a doutrina cristã insiste também em como somos todos perdoados pelos nossos pecados, pelo menos quando sentimos arrependimento por eles. Compreendendo a extensão do nosso carácter pecaminoso, sentir-nos-íamos provavelmente assolados pelo desespero, se não acreditássemos simultaneamente na natureza misericordiosa e piedosa do Deus cristão. Assim a Igreja quando sã, afirma que remoer interminavelmente todos os pecados que se cometeram, por menores que sejam (um processo denominado "escrúpulo excessivo") é, em si, um pecado.
Já que Deus nos perdoa, não nos perdoarmos é considerarmo-nos maiores que Deus, cedendo assim ao pecado de uma forma deturpada de orgulho.

in Gente da Mentira, M. Scott Peck, 1985.

13.6.06

O Livro de Mirdad, de Mikhail Naimy


Uma folha amarela na vossa árvore da vida é apenas uma folha à qual falta Amor.

Não culpeis a folha amarela.


Um ramo ressequido é apenas um ramo faminto de Amor.

Não culpeis o ramo ressequido.


Um fruto podre é somente um fruto que foi amamentado com ódio.

Não culpeis o fruto podre.


Culpai antes o vosso coração cego e egoísta que repartiu a seiva da vida por uns poucos e a negou a muitos, negando-a assim a si mesmo.


Mikhail Naimy, The Book of Mirdad: The Strange Story of a Monastery Which Was Once Called the Ark , 1962.

7.6.06

...Aproxima-te de Mim. Aproxima-te de Mim!

Faz o que sabes.
Faz o que tens de fazer.
Faz o que for preciso.

Reza um terço.
Beija uma pedra.
Curva-te para o Oriente.
Entoa um cântico.
Balança um pêndulo.
Testa um músculo.
Ou escreve um livro.

Faz o que for preciso .

Cada um de vocês tem a sua própria interpretação. Cada um de vocês Me entendeu - Me criou - à sua própria maneira.
Para alguns sou um homem. Para alguns sou uma mulher. Para alguns sou ambos.
Para alguns, não sou nem uma coisa nem outra.
Para alguns de vocês sou energia pura.
Para alguns, o sentimento supremo, a que chamam amor.
E alguns de vocês não fazem ideia do que Eu sou.
Sabem simplesmente que EU SOU.
E assim é.

EU SOU.

Sou o vento que vos roça os cabelos. Sou o Sol que vos aquece o corpo. Sou a chuva que vos dança no rosto. Sou o aroma das flores no ar e sou as flores que exalam a sua fragrância.
Sou o ar que transporta essa fragrância.


Sou o princípio do vosso primeiro pensamento.


Sou o fim do último.



Sou a ideia que iluminou o vosso momento mais sublime.



Sou a glória da sua realização.








Sou o sentimento que alimentou a coisa mais amorosa que jamais fizeram.









Sou a parte de vós que anseia por esse sentimento repetidamente.







(in Conversas com Deus 2, Neale Donald Walsh)

Eu sempre te disse que as pessoas deviam seguir os seus sonhos, mas nunca te disse porquê.


É simples.

As pessoas não devem seguir os seus sonhos para serem mais felizes. Nem para se tornarem completas.

Nem para evitarem as frustrações ou corrigirem o medo.

As pessoas devem seguir os seus sonhos por uma única razão.

Todo o ser humano vem à terra com uma missão.

Mas, independentemente da missão particular de cada um, existe a missão da raça humana.

O motivo básico e inicial da presença dos homens na terra.

A capacidade de exporem a vossa alma.

A capacidade de levar o divino à matéria, entrecruzar os mundos com energias penetrantes.

De cada vez que um homem expõe a sua alma, ele está a levar Deus à terra, a fazer o percurso sagrado.

E o percurso sagrado, a presença de Deus na terra, só se alcança fazendo a alma do homem brilhar.

E o que é que faz brilhar mais a alma de um homem do que o seu sonho?


(in quem quiser saber q pergunte :)

1.6.06



Comove-me esta porta


Gostaria de a abrir


e de entrar



Maria Gabriela Llansol, Onde vais, drama-poesia?