Sempre pensei que o grande vício dos intelectuais portugueses (e dos políticos) era a sua tendência para aceitarem como realidade o produto da sua própria imaginação.
Jorge de Sena, roubado daqui
Sempre pensei que o grande vício dos intelectuais portugueses (e dos políticos) era a sua tendência para aceitarem como realidade o produto da sua própria imaginação.
Jorge de Sena, roubado daqui
I've never seen any life transformation that didn't begin with the person in question finally getting tired of their own bullshit.
Elizabeth Gilbert
- "Cada mulher tem em si a capacidade de ser quem cuida da casa".
- Sim, porque a casa limpa-se com a vulva.
Roubado a Allan Barbosa, 2022
This task was appointed to you. And if you do not find a way, no one will.
The Lord of the Rings - The Mirror of Galadriel
Here we go again
Here we go again
Up the ball goes
Till gravity intervene
Do the best you can
But nothing's guaranteed
We lean, we learn, we earn, we turn, we burn
We lean, we learn, we earn, we turn, we burn
Then start again
Cause we're delighted
I can't count with my scissors like fingers
The amount of times I have been here
But I am sure we will get to the bottom of it some day
With all due with respect
To those I've caused so much pain
If I were given a second chance
I'd probably do it all again
Up the ball goes
Till gravity intervene
Do the best you can
But nothing's guaranteed
We lean, we learn, we earn, we turn, we burn
We lean, we learn, we earn, we turn, we burn
Then start again
Cause we're delighted
We go again
Cause we're delighted
The consequences are yours
The frequencies are yours
The possibilities are yours
Cause the vision is yours
We lean, we learn, we earn, we turn, we burn
We lean, we learn, we earn, we turn, we burn
Then start again
Cause we're delighted
We start again
Cause we're delighted
Benjamin Clementine
As life goes on, however, it becomes tiring to keep up the character you invented for yourself, and so you relapse into individuality and become more like yourself everyday. This is sometimes disconcerting for those around you, but a great relief to the person concerned.
- Agatha Christie, An Autobiography
Un jour viendra le corps tassé
Les parchemins sur nos visages
Ceux qui racontent la vie passée
Tous les succès et les naufrages
Et nos mains qui tremblent au vent
Comme des biguines aux pas légers
Continueront de battre le temps
Sous des Soleils endimanchés
Un jour viendra, on fera vieux os
Des bégonias sur le balcon
Un petit air de calypso
Photos sépias dans le salon
Malgré la vie, le temps passé
Malgré la jeunesse fatiguée
Personne ne pourra empêcher
Nos corps usés de chalouper
Chalouper, chalouper
Avant qu'le printemps s'fasse automne
Que l'on s'éloigne de la rive
On scratchera du gramophone
Quelques ritournelles caraïbes
On s'épuisera sur le dancefloor
En de petits pas économes
Tant que sera levé le store
Nos palpitants seront métronomes
Elles me reviennent, les années folles
Quand on mourrait seulement de rire
Oh, rappelle-toi du malecón
Le clapotis de nos souvenirs
Un jour viendra cette ritournelle
Quand ma voix se sera envolée
Je te supplie en souvenir d'elle
De continuer à chalouper
Chalouper, chalouper
Oh fais-moi tourner sous mes pas
Glissent les années, toi et moi
Jusqu'au bout d'aimer, on pourra
Chalouper, chalouper, chalouper
Fonte: Musixmatch
Compositores: Guillaume Poncelet / Gael Faye / Christiaan Van Der Laan
Letras de Chalouper © Alternative Cultivated Beat Music (acbm)
I have eaten
the plums
that were in
the icebox
and which
you were probably
saving
for breakfast
Forgive me
they were delicious
so sweet
and so cold
William Carlos Williams
À medida que o medo envelhece
O meu corpo acusa o peso do cansaço
E pede-me que liberte a carga que puder
Por isso esvazio os bolsos de segredos
Liberto amor da prisão do peito
Abro mão de orgulho
E levito frágil
Manel Cruz, 2022
roubado daqui
Se posso perdonare, allora devo
riuscire a perdonare anche me stessa
e smetterla di starmi a giudicare
per come sono o come dovrei essere.
Qui non si tratta di consapevolezza
ma è la superbia che mi tiene stretta
in una stolta morsa che mi danna.
Eccomi infatti qui dannata a chiedermi
che cosa fare per essere perfetta.
Tenersi all’apparenza, forse descrivere
soltanto cose in mutua tenerezza.
Patrizia Cavalli, 1947-2022
Vita meravigliosa
"O Mal, todo o Mal, já foi tratado, falta agora tratar o bem, respondeu, lapidar."
O mal
é banal
O mistério
maior
é o mistério
do bem
Adília Lopes
roubado daqui
o recurso mais democrático que conheço - igual para todos, e o que faz a diferença é a forma como o utilizamos, como criamos prioridades, como o gerimos.
Armanda Martins, 2022
O mais feroz dos animais domésticos
é o relógio de parede:
conheço um que já devorou
três gerações da minha família.
Mario Quintana
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar
Gilberto Gil
Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras
Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe muito longe um povo a trouxe
E nela pôs sua alma confiada
De longe muito longe desde o início
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra a flor a água
E tudo emergiu porque ele disse
Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra
Sophia, Junho de 1974
ouvindo Capicua, n'O Poema Ensina a Cair
...temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades.
Boaventura de Sousa Santos.
Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitanismo multicultural. Introdução: para ampliar o cânone do reconhecimento, da diferença e da igualdade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003: 56.
Tiziano Terzani, um conhecedor de mão cheia da Ásia Oriental, em Disse-me um Adivinho (Tinta-da-China, 2009): “Não é de admirar que a depressão seja hoje um mal tão comum. É quase reconfortante. É sinal que no íntimo das pessoas ainda resta o desejo de serem mais humanas”.
Roubado daqui
Einstein defendia que “O acaso é a nossa ignorância”. Concordo. Não me parece importante dar um nome à força que mexe os cordelinhos. O importante é sentir. E saber observar. Se a maioria das pessoas não se interessa pelas aves que chegam e que partem, pelos seus diálogos e chamamentos, como podemos esperar que reparem em brisas e direções do vento? Mas concordam, sem avaliar, que “Nada se perde; tudo se transforma”. Precisamos da muleta “acreditar”? O hábito faz o monge. Mas o “hábito” vai para além da roupa, também é sinónimo de repetição das mesmas tarefas – e isso é que, mais do que tudo, faz o monge.
Roubado daqui (dos Comentários).
Medeia
(adaptado de Ovídio)
Três vezes roda, três vezes inunda
Na água da fonte os seus cabelos leves,
Três vezes grita, três vezes se curva
E diz: "Noite fiel aos meus segredos
Lua e astros que após o dia claro
Iluminais a sombra silenciosa
Tripla Hecate que sempre me socorres
Guiando atenta o fio dos meus gestos
deuses dos bosques, deuses infernais
Que em mim penetre a vossa força
Pois ajudada por vós posso fazer
Que os rios por entre as margens espantadas
Voltem correndo às suas fontes
Posso espalhar a calma sobre os mares
Ou enchê-los de espuma e fundas ondas
Posso chamar a mim os ventos
Posso largá-los cavalgando nos espaços
As palavras que digo e os gestos
Que em redor do seu som no ar disponho
Torcem longuínquas árvores e os homens
Despedaçam-se e morrem no seu eco
Posso encher de tormento os animais
Fazer que a terra cante, que as montanhas
Tremam e que floresçam os penedos."
Sophia de Mello Breyner Andresen, Dia do mar, 1947.
Are you willing?
This winter
the loons came to our harbor
and died, one by one,
of nothing we could see.
A friend told me
of one on the shore
that lifted its head and opened
the elegant beak and cried out
in the long, sweet savoring of its life
which, if you have heard it,
you know is a sacred thing.,
and for which, if you have not heard it,
you had better hurry to where
they still sing.
And, believe me, tell no one
just where that is.
The next morning
this loon, speckled
and iridescent and with a plan
to fly home
to some hidden lake,
was dead on the shore.
I tell you this
to break your heart,
by which I mean only
that it break open and never close again
to the rest of the world.
"Lead", de Mary Oliver, em New and Selected Poems, Volume Two
roubado daqui
[...] porque não há como viver com as consequências para perceber a razão de ser das coisas
Isabel Stilwell, roubado daqui.
Sacode as nuvens que te poisam nos cabelos,
Sacode as aves que te levam o olhar,
Sacode os sonhos mais pesados do que as pedras.
Porque eu cheguei e é tempo de me veres,
Mesmo que os meus gestos te trespassem
De solidão e tu caias em poeira,
Mesmo que a minha voz queime o ar que tu respiras
E os teus olhos nunca mais possam olhar.
Sophia
Roubado daqui